terça-feira, 14 de julho de 2009

Destaques - Agenda Cultural de Julho


ENTREVISTA – JOSÉ DE GUIMARÃES

José Maria Fernando Marques nasceu em 1939, em Guimarães, cidade que lhe emprestou o nome artístico pelo qual hoje é conhecido. Frequentou a Academia Militar e licenciou-se em engenharia no Técnico. Em 1967 foi para Angola no cumprimento do serviço militar e por lá ficou sete anos. Será no continente africano que a sua arte se desenvolve e se define ficando indelevelmente contaminada pelos tons, formas e temas encontrados. È também por essa altura que descobre a arte africana e adquire as primeiras peças. A colecção de arte tribal de José de Guimarães, apresentada sob o título – Diálogo Mestiço, que inaugura no Páteo da Galé (Terreiro do Paço) a 15 de Julho, resulta da paixão e de um olhar atento em torno da compreensão das origens e dos modos de fazer arte. Subjacente a esta exposição, comissariada por Rui Mateus Pereira, está o encontro entre um dos mais internacionais e reconhecidos artistas plásticos portugueses e a arte intemporal que conheceu em África.

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REPORTAGEM – A ARTE ESTÁ NA RUA

A Mostra de Arte Urbana é uma iniciativa dedicada às práticas do Graffitti e da Street Art. A edição de 2009 consiste na selecção e realização, em duas fases, de 14 projectos para a Galeria de Arte Urbana, na Calçada da Glória. A execução das primeiras pinturas terá lugar entre 29 de Junho e 3 de Julho nos sete painéis de grande formato ao ar livre que compõem a galeria. As obras estarão patentes até meados de Outubro. Falámos com Pedro Soares Neves, um dos seus principais mentores, Maria Imaginário e Miguel Ram, todos eles participantes na primeira edição da Mostra. Partilham connosco o seu percurso artístico, a experiência da colaboração com a Galeria de Arte Urbana e comentam alguns exemplos dos seus trabalhos de rua.

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CINEMA – VERÃO NOS CORETOS E JARDINS DE LISBOA – FITAS NA RUA

As noites quentes de Verão sugerem convívio ao ar livre. E nada melhor do que assistir a um bom filme em ecrã gigante, sob as estrelas. Numa iniciativa inédita, a Câmara Municipal de Lisboa e a EGEAC organizam Fitas na Rua. Vários locais da cidade: fontes, largos, jardins, miradouros e parques de Lisboa marcam encontro com o cinema, todos os fins-de-semana de Julho, Agosto e Setembro. O filme La Dolce Vita de Federico Fellini inaugura a mostra. Dia 18 de Julho, a Fonte Luminosa ilumina a obra-prima do cineasta italiano, referência da história do cinema. E O Desprezo de Jean-Luc Godard encerra-a, dia 13 de Setembro, no Parque Mayer. Aclamado pela crítica e considerado um dos melhores filmes do realizador francês e da Nouvelle Vague, este é o drama de uma mulher (Brigitte Bardot) que despreza o seu marido (Michel Piccoli). Da programação destacam-se também filmes nacionais: A Caixa de Manoel de Oliveira que dirige a adaptação da peça homónima de Prista Monteiro sobre a desventura de um velho cego a quem é roubada a caixa de esmolas - exibido nas Escadinhas de São Cristóvão; A Janela (Maryalva Mix) de Edgar Pêra que filma no Largo de Santo Antoninho (local de exibição) as aventuras de António, boémio da Bica, amante e esposo; e Os Lisboetas de Sérgio Tréfaut, um documentário político sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal. Aclamado pela crítica e vencedor do prémio melhor filme português no IndieLisboa 2004, o filme é exibido na multicultural praça do Martim Moniz.

Vários locais | 18 de julho a 13 de setembro

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DANÇA – PITIÉ

O regresso de Alain Platel e dos Ballets C. de la B. ao palco do CCB desta feita com a revisitação da missa de J. S. Bach, Paixão Segundo S. Mateus. Platel renova a parceria com o músico e compositor belga Fabrizio Cassol, de formação jazzística e de música de câmara, depois de terem trabalhado juntos no espectáculo vsprs. Desta parceria têm resultado trabalhos mais intensos e condensados que de certa forma se desviam dos anteriores espectáculos de cariz mais diversificado e exuberante. A versão da obra de Bach que agora se apresenta destaca-se da leitura corrente do evangelho para se centrar essencialmente na figura da mãe de Cristo, no conceito de sacrifício individual e nos modos como esse sacrifício transcende a existência individual e repercute-se na vida do colectivo. No plano coreográfico, não se trata de uma releitura da obra de Bach, mas antes da atribuição de um significado físico e emocional, distante portanto dos espectáculos característicos de Platel onde o quotidiano, a ironia, a disruptividade dos gestos marcavam presença constante.

Grande Auditório do CCB | 3 e 4 de Julho às 21h

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MÚSICA – JERUSALÉM

A ópera de câmara de Vasco Mendonça – Jerusalém - com libreto de Gonçalo M. Tavares, conta a história de uma noite, a noite da revelação. Em Jerusalém o mundo é habitado por seres incompletos, prisioneiros do passado, um passado que é de escuridão e que compromete o presente. A linguagem utilizada na ópera é quase científica, a objectividade apresenta-se como algo imprescindível para caracterizar este universo expressionista, recusando, no fim, conferir à narrativa qualquer tipo de moralidade. A música que a compõe traduz também o equilíbrio, entre expressividade e objectividade. Através desta história encontram-se sinais da falta de fé, ou melhor, de uma fé errada, nas palavras de Gonçalo M. Tavares: “Sei que há esta sujidade que não larga a existência, mas apesar de tudo parece-me que Jerusalém é para homens e mulheres crentes. Não me orgulho disso, pelo contrário, mas Jerusalém talvez ainda não seja para mim.”

Culturgest | 3, 4 de Julho, às 21h30

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TEATRO – FESTIVAL DE ALMADA 2009

O Festival Internacional de Teatro de Almada invade mais uma vez vários espaços da capital. of/niet (ou/não) e Contracções são as duas peças apresentadas na Culturgest. A primeira, comédia sobre infidelidade e adultério, traz novamente os STAN que comemoram vinte anos, mas desta vez só com os quatro actores, sem gente de fora da companhia. A segunda, do jovem dramaturgo britânico Mike Bartlett, não podia ser mais actual nesta época de despedimentos e crise: Emma, uma jovem vendedora, assina um contrato com uma multinacional onde é determinado o grau permitido de relacionamento entre colegas dentro da empresa. Os Artistas Unidos escolhem o Instituto Franco Português para dois espectáculos: Carta aos Actores, um texto escrito em 1973, reflexão profunda sobre a arte de ser actor e o sentido do teatro; e Para Louis de Funès, escrito em 1986, abismo torrencial, frenesi verbal, explosão de cólera e paixão. Demo, um Musical Praga, de inspiração indiana e influenciado pelas teorias utilitárias do filósofo Peter Singer, é apresentado no S. Luiz Teatro Municipal. Por último, Film Noir é o primeiro espectáculo criado no âmbito do Projecto Emergentes do Teatro Nacional D. Maria II.

Vários locais | 6 a 18 de julho

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EXPOSIÇÕES – ÁFRICA – DIÁLOGO MESTIÇO, COLECÇÃO DE ARTE TRIBAL DE JOSÉ DE GUIMARÃES

Os objectos africanos como aqueles que o pintor José de Guimarães colecciona são apreciados no Ocidente primordialmente pelas suas características estéticas, mas podem ser igualmente encarados como vestígios únicos de sociedades e culturas desaparecidas ou em profundo estado de transformação social e económica, ou percepcionados pela sua utilização funcional, relevando a sua dimensão etnográfica. Estas peças não foram produzidas meramente por prazer estético. A sua esmagadora maioria comunica valores morais, religiosos, sociais ou políticos, testemunhando a especificidade, e diversidade, cultural das sociedades que os produziram. A total apreensão do seu significado e importância só se torna possível quando estamos a par das circunstâncias sociais e políticas que rodearam a sua produção, utilização e função.

No entanto, a admirável colecção de José de Guimarães, que expõe cerca de 400 peças, atravessando cerca de 30 etnias da África Central, mesmo quando descontextualizada e inserida no cenário da exposição nada perde da sua perturbante carga simbólica. Nas palavras de Rui Mateus Pereira, comissário desta exposição: “Deixemos falar a «emoção primeira»: olhemos de frente, como deve ser olhada, a admirável cabeça Ambete* representada na capa deste catálogo. Originalmente utilizada como tampa de um relicário contendo os restos de um antepassado ilustre, guardado na casa do chefe de uma remota aldeia do norte do Gabão, em plena floresta equatorial, guardiã de um «campo de poder», podemos imaginar o seu efeito, a sua carga simbólica. Ignoremos esse contexto: isolemo-la, confrontemo-la apenas na sua representação fotográfica ou, melhor ainda, visitemo-la no cenário da exposição. Acaso perdeu algo da sua perturbante carga simbólica? Seguramente, não! É esse o campo de afirmação da Arte Tribal”.

Páteo da Galé | Terreiro do Paço | 15 Julho a 30 Setembro

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CRIANÇAS – COMPANHIA DE ÓPERA DO CASTELO

A Companhia de Ópera do Castelo com residência no Castelo de São Jorge propõe uma programação para famílias que assenta em visitas com muita música. Durante o mês de Julho crianças e famílias podem assistir a três eventos musicais. No Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge dois músicos, André Barroso e Verena Wachter Barroso, interpretam Músicas para Reis, Cavaleiros e Princesas revelando as sonoridades que se ouviam nos castelos e na corte da Idade Média e Renascimento. O Castelo será também palco dos Contos Musicais, onde ao som de música árabe, sob o tema História das Mil e uma Noites para Ver e Ouvir, são narrados os contos que Xerazade contava ao Califa no Livro das Mil e Uma Noites. Finalmente é de salientar o concerto de percussão Ritmos para Um Castelo pelo grupo de percussão Drumming que mistura ritmos de outrora com ritmos da sociedade moderna em tambores de lata, marimbas, entre outros instrumentos percussivos.

Castelo de são jorge | julho

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CIÊNCIA – CONFERÊNCIAS DE LISBOA – COISAS DE CIÊNCIA EM LISBOA

As Conferências de Lisboa são uma iniciativa da autarquia lisboeta que visa promover o conhecimento de uma série de temas diversos, convidando para tal figuras de reconhecido mérito académico e científico para partilharem temas à sua escolha com o público da cidade de Lisboa. Comissariadas pelo historiador Rui Tavares, as conferências têm vindo a debater temas das áreas de história, filosofia, música, educação, olisipografia, etc. A última deste ciclo de conferências tem lugar dia 2 de Julho e estará a cargo de Nuno Crato, subordinada ao tema Coisas de Ciência em Lisboa. Nuno Crato é professor de matemática e estatística no ISEG, mas tem-se, sobretudo, notabilizado como divulgador científico, seja através de crónicas semanais na imprensa (Expresso, Diário de Notícias, etc.), seja através de obras diversas de divulgação científica de que se destaca Matemática das Coisas, Os Relógios de Sol, Eclipses, Passeio Aleatório, entre outros. Enquanto presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, tem tomado diversas posições públicas relativas ao ensino da matemática que também se têm traduzido na publicação de diversos ensaios sobre o tema.

Salão Nobre dos Paços do Concelho | 2 de Julho às 18h

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FAZER – I CURSO DE VERÃO DA HISTÓRIA - “DE ULISSES A JUNOT”

O Centro de História da Universidade de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa organizam este mês o I Curso de Verão de História de Lisboa, intitulado ‘De Ulisses a Junot’. O curso, leccionado por investigadores da autarquia e docentes da Faculdade de Letras, pretende dar a conhecer a história da cidade, abordando temas como a Lisboa Pré-Romana, os Descobrimentos, a Lisboa Renascentista, ou a Lisboa Pombalina. A coordenação é de António Ventura, José Varandas e Álvaro de Matos. O preço é de 250€ para o público em geral.

Faculdade de Letras | 6 a 10 Julho

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FESTIVAL E CICLOS – FESTIVAL URBANO PEDRAS D’ ÁGUA

A criação e a investigação artísticas estão mais uma vez em destaque naquela que é a 4ª edição do Festival Urbano Pedras d’ Água, festival organizado pelo c.e.m – Centro em Movimento, e que se centra este ano na Baixa lisboeta, nos bairros da Mouraria e do Intendente. O evento procura dar a conhecer ao público o trabalho realizado durante um ano por vários artistas. No total são doze os acontecimentos artísticos - instalações, dança, filmes, visitas guiadas e workshops - que se realizam em lugares menos óbvios da cidade. Da programação fazem também parte um ciclo de conversas públicas com pensadores contemporâneos e três laboratórios, que levam a uma reflexão sobre o papel do corpo hoje e nas novas urbanidades.

Vários locais | 16 a 24 de Julho

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FEIRAS E AR LIVRE

Promovida pela Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, a Primeira Feira da Achada vai ter lugar no largo com o mesmo nome e que fica em pleno bairro da Mouraria, no mesmo local onde em tempos terá havido uma feira de gado. Livros antigos, edições raras, velharias e obras de arte constituem a oferta da primeira edição do evento. A venda de algumas obras (serigrafias, desenhos e pinturas) de artistas plásticos consagrados (Ângelo de S ousa, Armando Alves, Carlos Calvet, Emerenciano, Eurico Gonçalves, Henrique Ruivo, João Vieira, Júlio Resende, Nikias Skapinakis, Raul Perez, Teresa Magalhães, entre outros) é uma das propostas fortes do dia. RC

Largo da Achada | 11 de Julho

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