FALTAM APOIOS PARA IDOSOS QUANDO TÊM ALTA HOSPITALAR |
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O presidente da Associação Portuguesa de Enfermagem Gerontogeriátrica (APEG) considera que faltam apoios às famílias quando os idosos têm alta hospitalar após internamento e defende que a ajuda passa sobretudo por visitas ao domicílio, noticia a Lusa/Público. A questão “Tive Alta Hospitalar e agora?” é o tema das segundas jornadas da APEG, que decorrem hoje e amanhã, no Porto, e abordam as “dificuldades das pessoas que tiveram alta após internamento, principalmente dos idosos”, resume o presidente da APEG, Nuno Lucas. O responsável admite já existirem “algumas soluções, nomeadamente ao nível da rede nacional de cuidados continuados integrados”, mas afirma que essas soluções “ainda estão muito no início”. “Com esta reflexão (nas jornadas) o principal objectivo é perceber, principalmente a nível dos cuidados de enfermagem, o que se pode fazer para ajudar a colmatar as necessidades das pessoas”, diz. Essa ajuda passa, sobretudo, pelas visitas de apoio ao domicílio, uma área que ainda precisa de maior “desenvolvimento”. Nuno Lucas também sugere que as soluções passem por parcerias entre instituições sem fins lucrativos e o Ministério da Saúde e que possam “complementar as respostas actuais”. Outra das “grandes preocupações” desta associação é a “família” e que os projectos a englobem, já que muitas vezes quando os familiares recebem um idoso dependente “não sabem muito bem lidar com a nova situação”. “Por isso, uma das principais funções do enfermeiro poderá ser ajudar os familiares a adaptar-se: a saber quais as alterações que vão surgir e o que podem aprender de novo para terem qualidade de vida”, refere. “A qualidade de vida de toda a família é afectada quando se tem um idoso dependente”, lembra. |
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EM 2050, OS IDOSOS VIVERÃO MAIS TEMPO COM SAÚDE E AUTONOMIA |
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Em 2050, cerca de um terço da população deverá ter mais de 60 anos, em vez do um quinto actual. Os sinais de envelhecimento da população, e os problemas daí decorrentes, já são notórios: além das ameaças à sustentabilidade do sistema de Segurança Social, aumentaram os problemas de dependência de um número crescente de idosos, com as consequentes necessidades e custos da criação de respostas no sector social e da saúde, destaca o Público. Mas será que basta imaginar o cenário actual inflacionado para ver o futuro? Não, dizem vários especialistas. É que os idosos de 2050 serão bastante diferentes dos de hoje. É expectável que daqui a 40 anos se viva com qualidade de vida até mais tarde, dizem vários especialistas. Os últimos números do Eurostat a este respeito (2007) dão conta de 58 anos de vida saudável nos homens portugueses, 77 por cento da vida sem incapacidade, as mulheres vivem mais tempo mas apenas 57 anos com saúde, 70 por cento da vida sem incapacidade. Estes números não existem para 2050, mas espera-se que os idosos sejam mais saudáveis e autónomos até mais tarde, o que também reforça a quase inevitabilidade do adiamento da idade de reforma para uns 70 anos, admite João Peixoto, sociólogo do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. Além disso, os idosos de 2050 andam hoje na casa dos 20, 30 anos e são uma geração mais instruída que a dos seus pais. Ou seja, têm mais acesso a informação, mais comportamentos de prevenção da doença, aprenderam a usar tecnologias da comunicação desde cedo. João Peixoto acredita que Portugal em 2050 terá então uma muito maior faixa de idosos activos. Depois haverá um outro grupo de idosos, a partir dos 75-80 anos, esses sim com graus crescentes de incapacidade, com cada vez mais problemas de demência. As Nações Unidas estimam que nove por cento da população nacional tenha mais de 80 anos em 2050, face a cerca de quatro por cento em 2008. |
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CIDADES COM SEMÁFOROS MAIS LENTOS E MENOS CALÇADAS |
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"O tempo dos semáforos é feito para corredores olímpicos." "Eu caí por causa do estado da calçada. Parti o ombro." "Há muito poucos bancos... Fica-se cansado e precisamos de um lugar para nos sentarmos." "Eu até consigo apanhar o autocarro, mas quando o motorista arranca dá um solavanco e caio." As queixas são de idosos de cidades de todo o mundo e vão no mesmo sentido - o ritmo e o desenho das urbes não está preparado para pessoas com mobilidade reduzida, como os idosos, refere o Público. O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, lembra um exercício feito pela rede das Cidades Amigas dos Idosos, uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde (à qual Lisboa aderiu em 2008), para sensibilizar para esta realidade. Numa espécie de processo de envelhecimento instantâneo colocaram-se polícias de rua com óculos sujos de vaselina, tampões nos ouvidos, pesos nas pernas e braços e arroz nos sapatos, para perceberem como é ver e ouvir mal e ter dificuldades em andar, pedindo-lhes depois para andarem pela cidade, refere Fernando Santo. Como, a par do envelhecimento da população, em 2050, o mundo viverá cada vez mais em espaço urbano, refere Lurdes Quaresma, coordenadora do Plano Gerontológico Municipal de Lisboa, é urgente adaptar as cidades à população idosa. Em Lisboa, estão a ser criadas zonas de limite máximo de velocidade de 30 quilómetros hora. Em 2050, o arquitecto da Câmara de Lisboa Jorge Falcato vaticina que a cidade terá menos carros, haverá "semáforos amigos do peão, que falam e dizem em que rua se está, com um botão que aumenta o tempo de atravessamento", diz, acrescentando que não se trata de "futurologia. Estas soluções já existem". No meio destas mudanças, será que a calçada à portuguesa vai sobreviver? Constata-se que "é um mau pavimento para idosos, facilmente fica polido, não tem atrito, faz escorregar", nota Jorge Falcato. Acredita que não desaparecerá, mas deverá ficar cada vez mais confinada a zonas históricas. |
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NORTE: FALTAM 1898 CAMAS PARA DOENTES IDOSOS |
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Há cada vez mais doentes idosos a precisar de internamento em unidades de cuidados continuados. Em 2007, foram assistidas no Norte 1868 pessoas e, em 2008, foram mais de sete mil. As camas têm aumentado, mas ainda não respondem às necessidades, destaca o JN. O número de internamentos só deverá parar de crescer em 2013, ano em que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados deverá estar praticamente concluída. Em comparação com o resto do país, o Norte é a região com mais unidades de internamento de cuidados continuados (65) e, consequentemente, mais camas (1318). Porém, ainda há "uma lista de espera considerável por falta de camas", admite Filomena Cardoso, vogal do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN). A meta definida para 2013 (inicialmente era 2016, mas foi reduzida) é atingir as 4587 camas na região, o que significa que, contando com as existentes e as que já estão asseguradas pelos programas Modelar, faltam 1898 camas. A quantidade de pessoas à espera de vaga varia, mas na última semana eram cerca de 100, adianta a responsável da ARSN. O número inclui os doentes idosos, referenciados por hospitais e centros de saúde para todas as tipologias de cuidados (de curta, média ou longa duração e paliativos). No Grande Porto, apesar da taxa de cobertura estar acima dos 50%, ainda há muitas carências. Filomena Cardoso estima que naquela área faltem 900 camas para responder às necessidades. Ou seja, quase metade do total em falta na região (1898). |
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