quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mundo Sénior 3 de Maio 2010


Segunda-feira, 03 de Maio de 2010



MAIS DE 70% DOS "GRANDES FREQUENTADORES" DAS URGÊNCIAS TÊM DOENÇA CRÓNICA



Mais de 70 por cento dos "grandes frequentadores" das urgências, com quatro ou mais admissões anuais, recorrem a estes serviços por "descompensação" de doenças crónicas, revelou o coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Auto-Imunes (NEDAI). A imagem habitual" dos serviços de urgência é repleta de "doentes idosos que ali recorrem por descompensação de uma doença crónica e de doentes que sofrem de três ou quatro outras patologias igualmente crónicas, com má aderência à terapêutica e problemas sociais", descreveu Luís Campos no II Fórum Internacional sobre o Doente Crónico. O médico internista adiantou que a resposta que o sistema de saúde dá aos doentes com doenças crónicas é "episódica, reactiva", que incentiva o recurso às urgências em vez de incentivar alternativas mais eficientes e adequadas, escreve a Lusa/Público. O I nquérito Nacional de Saúde 2005/2006 refere que 5,2 milhões de portugueses (54 por cento da população) sofrem de, pelo menos, uma doença crónica, mas há cerca de 2,6 milhões (29 por cento) que sofrem de duas ou mais e cerca de três por cento da população sofre de cinco ou mais doenças crónicas. Presente no Fórum, a ministra da Saúde, Ana Jorge, afirmou que os serviços de saúde modernos têm de ser capazes de responder de forma eficaz às doenças crónicas apostando na prevenção e cuidados a longo prazo. Sobre os números da população portuguesa que sofre de doença crónica, Ana Jorge disse que não são diferentes dos da população mundial. A alta comissária da Saúde defendeu, por seu turno, que os os cuidados de saúde e a equidade de acesso são fundamentais para o controlo da doença crónica. "A morte antes dos 65 anos por asma ou antes dos 49 por diabetes é exemplo de um padrão dos cuidados de saúde não efectivos em tempo útil. A morte pr ematura por diabetes é paradigma da deficiência dos cuidados primários e hospitalares e de articulação entre esses dois níveis", frisou Maria do Céu Machado.



VINTE MIL JÁ PEDIRAM REFORMA ANTECIPADA DESDE O INÍCIO DE 2010



Vinte mil funcionários públicos pediram a reforma antecipada desde o início de 2010, de acordo com as estimativas do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE). O maior número de pedidos diz respeito aos trabalhadores dos ministérios da saúde - onde os médicos encabeçam a lista -, das finanças e do trabalho e da segurança social, mas Bettencourt Picanço acredita que também o ministério da educação ficará desfalcado com a corrida antecipada às aposentações, avança o jornal i. "Não tenho dúvidas de que a corrida desenfreada à reforma antecipada se vai reflectir na qualidade dos serviços públicos", alerta Bettencourt Picanço, do STE. O Orçamento do Estado para 2010 alterou as regras do jogo e antecipou os prazos, ao mesmo tempo que aumentou as penalizações: se até este ano a previsão era de que até 2015 a idade da reforma dos funcionários públicos passasse gradualmente para os 65 anos (20 de serviço, à semelhança do sector privado), agora o objectivo deverá ser concretizado antes de 2013. Bettencourt Picanço acredita que a corrida à reforma - que triplicou nos primeiros três meses do ano - se relaciona com o anúncio do aumento das penalizações e com o mau ambiente dentro das instituições do Estado. "Estamos a falar de pessoas de quem se esperaria ainda muitos anos de trabalho e que habitualmente, e em condições normais, ficariam em actividade depois da idade de aposentação. Está relacionado com o mal-estar dentro das instituições: as pessoas não se sentem bem e saem com o mínimo de prejuízo possível", garante o responsável do STE. Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, também teme pela qualidade dos serviços. "Isto é mau para os trabalhadores, porque ficam com pensões muito baixas, e é mau para os serviços, que ficam sem pessoal suficiente para funcionarem em condições", disse à agência Lusa. A lei do Orçamento do Estado - que define os novos agravamentos às penalizações por reforma antecipada - entrou em vigor na quinta-feira passada, o que reflectirá um corte de 6% por cada ano de antecipação.



SERVIÇO DE TELE-ASSISTÊNCIA PARA IDOSOS DE CORUCHE



A Câmara de Coruche e a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) assinaram um protocolo que vai implantar no concelho o serviço de tele-assistência para dez munícipes em situação de carência económica e estado de vulnerabilidade. Num projecto experimental, a autarquia compromete-se a comparticipar as despesas de instalação e o pagamento das mensalidades dos utentes com rendimentos até à pensão social e salário mínimo nacional, revela O Mirante. O dispositivo fixo permite aos utentes contactarem directamente com o serviço de atendimento telefónico da Cruz Vermelha em caso de necessidade. O kit de instalação custa 68 euros, enquanto a mensalidade é de 15 euros. Para o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes, o serviço prestado pela Cruz Vermelha trará vantagens aos idosos que se encontrem em situação de isolamento, solidão, falta de mob ilidade. “É um sinal de qualidade e garantia de bom trabalho que este serviço seja patrocinado pela Cruz Vermelha Portuguesa. Um serviço que pode ser muito relevante para algumas pessoas que vivem sós, e em pequenas coisas e acções do dia-a-dia, como tomar compridos, desligar o gás ou fazer qualquer outra tarefa doméstica”, afirmou. O director-geral da CVP, Luís Névoa, referiu que é estratégia da instituição ajudar a manter as pessoas nas suas casas, “onde possam receber cuidados e estar próximos de familiares, evitando que sejam institucionalizadas”. A CVP tem cerca de mil utentes apoiados no sistema de tele-assistência com 25 câmaras municipais.



TOME NOTA



GASTOS DAS FAMÍLIAS COM DEPENDENTES

“DEVEM SER DEDUZIDOS NOS IMPOSTOS”



Coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) defende que os gastos das famílias com pessoas para tratarem de doentes que necessitam de assistência continuada sejam deduzidos nos impostos, como acontece com as despesas com lares.

Portugal é o segundo país (a seguir à Grécia), num total de 16 estados da União Europeia, em que as famílias mais cuidam dos seus dependentes.

“E ninguém pode descontar se tiver uma pessoa em casa a cuidar de um familiar, como acontece quando se paga um lar”, denuncia Inês Guerreiro.



FAMILIARES POUCO PREPARADOS



Familiares que cuidam dos idosos raramente estão preparados para lidar com a situação: são, em geral, pessoas que nunca cuidaram de outros e que se sentem totalmente desprotegidas, uma vez que não dominam questões determinantes na manutenção de qualidade de vida do idoso.



SOBRECARGA FÍSICA E MENTAL



Cuidadores estão sujeitos a uma sobrecarga física e psíquica enorme, com repercussões importantes para a sua vida: além do absentismo a que obriga, a tarefa de cuidar de um idoso, muitas vezes dependente, tem um impacto muito grande na vida social do cuidador, que perde o papel social que tinha até aí.

Estamos perante um quadro típico, violento e preocupante de uma profissão/ocupação exigente e desgastante que a sociedade está longe de compreender.

Cuidadores queixam-se frequentemente de cansaço, deterioração da saúde, depressão e falta de tempo para zelarem por si próprios, revelam dados estatísticos cruzados com uma sondagem realizada por Mundo Sénior.

• Maioria dos cuidadores informais (61,8%) foi obrigada a reduzir significativamente o seu tempo de descanso

• 38 por cento deixaram de gozar férias

• 32,7 por cento estão cansados

• 31,8 por cento perderam progressivamente contacto com os amigos



PERFIL DO CUIDADOR



O cuidador informal “típico” é do sexo feminino, na casa dos cinquenta anos com grau de instrução baixo e um acentuado grau de desgaste físico e psicológico para o tipo de funções que executa. Neste cenário, é cada vez mais relevante a formação e apoio aos cuidadores informais.



ACIPI JÁ TEM 600 ASSOCIADOS



É neste contexto que surge a Associação de Cuidadores Informais da Pessoa Idosa (ACIPI), que conta já com cerca de 600 associados. A ACIPI foi criada, em Novembro de 2009, com o objectivo de dar mais consistência à actividade desenvolvida pelos cuidadores informais, fomentar a inter-ajuda e o sentimento de voluntariado. A Associação está, actualmente, a promover várias acções de formação para cuidadores informais do idoso.



Este tema está desenvolvido no número de Abril do jornal Mundo Sénior, disponível em Mundo Senior

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