terça-feira, 13 de julho de 2010

Mundo Sénior 12 Julho 201

DOMICÍLIO: ENFERMEIROS APOIAM IDOSOS E CUIDADORES

Apenas 6800 dos 40 mil enfermeiros portugueses trabalham em centros de saúde. É lá que fazem um dos serviços menos visíveis e mais próximos dos doentes. O JN relata histórias de enfermeiros ao domicílio que são psicólogos, assistentes sociais, podólogos, amigos e muito mais. "Somos um pouco de tudo. Até já servi de electricista para ajudar a ligar uns cabos. A parte de enfermagem é muito importante, sem dúvida, mas a componente humana é que faz a diferença", considera Paulo Cunha, 33 anos, 12 de enfermagem, os últimos quatro nos cuidados de saúde primários. Actualmente colocado na Unidade de Saúde Familiar (USF) de Villa Longa, Vialonga (Vila Franca de Xira), onde está a ser criada uma Unidade de Cuidados à Comunidade, está afecto à visitação domiciliária. Num dia normal de trabalho, faz entre 22 e 28 visitas a doentes com os mais d iversos problemas. "Cerca de 90% dos nossos utentes têm mais de 65 anos e as complicações associadas à idade: úlceras varicosas, ou seja, feridas devido a má circulação, e pés diabéticos, mas também existem muitos acamados e dependentes." O grande número de casos que tem para atender é a maior dificuldade com que este enfermeiro se depara: "Gosto de dar toda a minha disponibilidade às pessoas, conversar com elas, saber como vai a vida, porque tudo influencia o estado de saúde, e com este volume de trabalho, é difícil". De Vila Franca de Xira para Chaves, muda o cenário, rareia a população, multiplicam-se as distâncias. No Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Alto Tâmega e Barroso - que abrange sete centros de saúde de seis concelhos -, os 110 mil utentes dispersam-se por quase 3.000 quilómetros quadrados. Se no Interior os idosos estão sós devido às migrações, no Litoral, a solidão tem causas diversas, mas resultados idênticos. "Quando o doente está em casa, recupera muito melhor. Tenho utentes que melhoram quando os filhos estão de férias e passam mais tempo com eles. A minha prioridade é reabilitar o mais possível e treinar os cuidadores para que o doente fique em casa", explica António Fernandes, enfermeiro da USF de Santa Clara, Vila do Conde. "No domicílio, criam-se laços afectivos que não se fazem no hospital. Somos o amigo a quem podem recorrer quando têm problemas, não só de saúde, mas de todo o género. Os idosos estão cada vez mais sozinhos e desprotegidos", conta o Enfermeiro Bruno Azevedo, da USF de S. Simão da Junqueira, em Vila do Conde. "Sabem quando vamos e estão à nossa espera para conversar um bocadinho. Somos um pouco psicólogos, tanto dos doentes como das famílias", acrescenta este profissional, que faz as visitas de táxi porque a USF não tem meios para comprar mais uma viatura. Um dos pontos mais importantes para João Pereira é apoiar as famílias. "É fundamental que os cuidadores sintam que não estão sozinhos. O meu lema é chegar sempre com um sorriso e, ao despedir-me, ver sempre um sorriso na cara de quem fica."

HÁ 16 ATROPELAMENTOS POR DIA NAS ESTRADAS PORTUGUESAS

Todos os dias são atropeladas 16 pessoas nas estradas portuguesas. De acordo com o Relatório Anual da Sinistralidade elaborado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), em 2009 foram registados 5631 atropelamentos, dos quais resultaram 6060 vítimas (incluindo 128 mortos), noticia o DN. De acordo com o documento, 2122 pessoas foram vítimas de atropelamento numa passadeira (mais 154 do que no ano anterior). "São números altamente preocupantes", diz o presidente da Associação para Promoção de uma Cultura de Segurança Rodoviária, Adérito Araújo, assinalando que "falta cultura de segurança e fiscalização". A má sinalização das passadeiras é outra causa para atropelamentos, dos quais as principais vítimas "são idosos e crianças, pois têm uma mobilidade reduzida".


GOVERNO MANTÉM FUNDAÇÃO QUE HÁ 30 ANOS NÃO CUMPRE OBJECTIVOS

O Governo mantém, pela voz do secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, a vontade de que a Fundação António Sardinha (FAS) continue a funcionar. A FAS, instituída há três décadas por Maria Sardinha com o nome do seu marido de quem enviuvara, tinha o objectivo de construir um hospital e um centro de dia para idosos. Mas, até hoje, nunca concretizou o objectivo. Em resposta escrita ao jornal Público, Marques remete para o futuro próximo a realização dos fins da fundação: "Espera-se que o projecto apresentado, e que visa a construção de uma unidade de cuidados continuados e um lar de idosos, esteja em condições de ser aprovado pela Câmara Municipal de Sintra, permitindo a abertura, a breve trecho, do concurso para início da obra. A estimativa de custos de construção é de 6.715.504,00 euros. Depois de se obter o licenciamen to a construção demorará 1,5 a 2 anos." Certo é que, já em Novembro de 2005, o actual presidente do conselho de administração da Fundação, Luís Garcês Palha, prometia que as obras teriam início no final de 2006. Passaram quatro anos. O responsável da FAS justifica os atrasos com problemas com a aprovação do projecto na Câmara de Sintra e outros entraves burocráticos. "Espero que em 2011 comecem as obras", diz.


IDOSOS APRENDEM A LER EM SANTA MARIA DA FEIRA

Os alunos do programa Emili@, que o município de Santa Maria da Feira promove há um ano, têm em média 78 anos. Querem aprender a ler e a escrever, mas também a lidar com as novas tecnologias, noticia a Lusa/Público. O programa destina-se à formação da população sénior e decorre em 10 pólos espalhados pelo concelho, envolve um total de 120 participantes e inclui aulas de Tecnologias de Informação e Comunicação, que iniciam aqueles que são alfabetizados no uso de computadores e recursos multimédia, e ainda uma Oficina de Talentos, que os ocupa com actividades lúdicas. Cristina Barbosa, coordenadora do programa E-mili@, reconhece que são as aulas de alfabetização, contudo, “as que mais efeito têm na auto-estima” das 25 pessoas que as frequentam - uns em situação de pré-reforma, com idades próximas dos 55 anos, e outros já a chegare m aos 90 e a viverem em lares. Nenhum desses 25 alunos sabe ler, alguns porque nunca frequentaram a escola, outros porque aprenderam de forma muito fugaz e esqueceram as noções mais básicas da escrita. “Há aqui pessoas que andaram na escola um ano ou dois, ou que até fizeram a quarta classe”, revela Cristina Barbosa, “mas depois não tiveram hipótese de desenvolver esse conhecimento ao longo da vida, nem conseguiram sedimentar essas capacidades”. Os conteúdos das aulas têm, portanto, de ser adaptados à idade e à experiência de vida dos alunos. “Tendo em conta que estamos a promover educativamente estas pessoas, nas aulas debatem-se temas actuais que elas possam depois discutir com os amigos e com a família”, explica a coordenadora do programa Emili@. São esses temas que se exploram também na parte prática da aula, relacionada com tarefas como o desenho das letras. Cristina Barbosa conta, aliás, “que algumas pessoas não sabem sequer usar uma can eta e precisam de exercícios de coordenação motora para realizar esse gesto”. Em todo esse processo, “a primeira grande conquista” é assinar o nome, mas Assunção Fonseca, a especialista em Ensino para Adultos que dirige as aulas de alfabetização do programa E-mili@, realça que, “às vezes, demora-se mais do que um ano a consegui-lo”.


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