segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mundo Sénior 16 Julho 2010

RISCO DE POBREZA AFECTARIA 41,5% SE NÃO HOUVESSE TRANSFERÊNCIAS SOCIAIS

Se não fossem as transferências sociais, 41,5 por cento da população portuguesa estaria em risco de pobreza, avança o Público. De acordo com os resultados provisórios do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), se considerássemos apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 41,5 por cento dos portugueses estaria em risco de pobreza em 2008, mais 1,5 por cento do que no ano anterior. Para 2009, a previsão é igual à de 2008. O inquérito do INE, realizado no ano passado com base nos rendimentos de 2008, mostra que as transferências sociais relacionadas com doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social (excluindo pensões) permitiram reduzir em 6,5 por cento a proporção de população em risco de pobreza. A isto junta-se ainda o impa cto das pensões de reforma e sobrevivência. Só estes rendimentos “extra” permitem reduzir em 17,2 por cento a proporção de indivíduos em risco de pobreza. Assim sendo, sem transferências sociais de qualquer ordem, a taxa de portugueses em risco de pobreza nunca estaria nos 17,9 por cento registados, mas sim em 41,5. Contudo, se acrescentarmos as pensões ao rendimento dos portugueses, excluindo apenas o contributo de outras transferências sociais, o risco de pobreza seria de 24,3 por cento. Os 17,9 por cento da população em risco de pobreza auferiram um rendimento anual por adulto inferior a 4969 euros em 2008, ou 414 euros por mês. Entre a população idosa, o risco de pobreza diminuiu mais do que em geral, caindo de 22,3 por cento para 20,1. Os valores mais elevados de risco de pobreza estão nos casos em que um adulto vive sozinho (28 por cento de risco), um adulto sozinho com pelo menos uma criança dependente (38,8 por cento) e dois adultos com três ou m ais crianças dependentes (42,8). Pela primeira vez, o inquérito do INE apresenta indicadores do Eurostat (o gabinete de estatísticas europeu) relativos à privação material nos países da União Europeia (UE), uma realidade que respeita a todos os indivíduos que não têm acesso a pelo menos três de nove itens representativos das necessidades económicas e de bens duráveis das famílias. Entre esses itens está, por exemplo, a incapacidade de assegurar o pagamento de uma despesa inesperada, atraso em pagamentos regulares, incapacidade financeira para ter uma refeição de carne ou de peixe pelo menos de dois em dois dias, para manter a casa adequadamente aquecida, para ter uma máquina de lavar a roupa, televisão a cores, telemóvel ou carro. De acordo com o INE, 23 por cento da população portuguesa vive em situação de privação material, um valor ligeiramente acima do de 2007 (22,4 por cento). A intensidade dessa privação, ou seja, o número médio de itens em falta para esta fatia da população, era em 2008 de 3,6 (e de 3,7 nos anos anteriores).

REFORMADOS MAIS POBRES VÃO RECEBER VACINA GRATUITA CONTRA A GRIPE

O Ministério da Saúde chegou a acordo com a GlaxoSmithKline (GSK) para trocar um milhão de vacinas da gripe A por 900 mil doses de vacinas da gripe sazonal. Estas 900 mil vacinas vão ser entregues em três tranches de 300 mil doses. A primeira remessa chegará já no próximo Outono e as segundas tranches serão entregues em 2011 e 2012, noticia o DE. As doses de vacinas contra a gripe sazonal vão ser administradas gratuitamente aos pensionistas mais pobres, à semelhança do apoio que o Estado já dá a este grupo de idosos na comparticipação de medicamentos a 100%. O novo acordo com a GSK vai assim permitir ao Ministério da Saúde resolver dois problemas: por um lado, evitar um excedente de vacinas da gripe A e, ao mesmo tempo, aumentar a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe sazonal. Apesar de nos últimos anos se ter registado uma melhori a da cobertura da vacinação para a gripe sazonal, esta está ainda longe de atingir níveis satisfatórios, conclui o director da Escola Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides, no seu livro “Nós e a gripe”. De acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), pouco mais de metade das pessoas com 65 anos se vacinam contra a gripe sazonal.


HÁ CENTROS DE SAÚDE ONDE TODOS OS MÉDICOS PEDIRAM REFORMA

Há centros de saúde no País onde todos os médicos de família pediram a reforma. É o caso do de Penela, na zona de Coimbra, que pode ficar vazio. No do Bombarral, em oito clínicos, seis fizeram o mesmo pedido. A situação na zona de Lisboa e Vale do Tejo é das mais preocupantes. A falta de médicos já deixou milhares de utentes sem resposta. Em seis anos, esta região devia ter ganho 50 clínicos, mas acabou por ficar sem cerca de 200. E a situação vai piorar. Em todo o País, vão ser mais três mil médicos a deixar a profissão, refere o DN. “Entre 2002 e 2007 a região de Lisboa perdeu 10% dos médicos. São cerca de menos 200. É uma perda muito significativa, ainda mais porque a população aumentou no mesmo período. São mais 85 mil pessoas. Só isso exigia mais 50 médicos”, afirma ao DN Rui Nogueira, vice-presidente da Associação Por tuguesa dos Médicos de Clínica Geral (APMCG). Contas feitas, faltam cerca de 250 médicos de família para responder às necessidades da população. “Isto vai arruinar e destruir a génese dos cuidados primários. Um dos atributos é a acessibilidade. Temos de garantir resposta rápida a quem nos procura e a personalização do atendimento. É péssimo trabalhar nestas condições”, reforça Rui Nogueira, lembrando que a situação vai piorar. “Temos cerca de 400 colegas que pediram agora a reforma antecipada. Mas em 2012 vamos ter um outro problema, que é a entrada no regime geral de aposentações. Até lá, prevê-se que sejam três mil os médicos de família a sair. E não temos a possibilidade de formar médicos para substituir os que saem. No futuro, a situação vai ser muito pior”, assegura o especialista em medicina geral. Neste momento, estão a entrar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) cerca de 300 médicos de família por ano. Mesmo mantendo o ritm o, não será possível preencher os lugares que vão vagar.

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