PERÍODOS DE CALOR INTENSO COINCIDIRAM COM EXCESSO DE MIL MORTES ESTE ANO
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| Pela quinta vez este ano, Portugal está a ser afectado por temperaturas máximas e mínimas acima dos valores normais para a época. Aos dias de brasa sucedem-se noites muito quentes que dificultam o arrefecimento do corpo e podem causar graves problemas de saúde, nomeadamente a descompensação de doenças crónicas, destaca o Público. Os anteriores períodos de calor intenso verificados este ano coincidiram já com um excesso de cerca de mil mortes (acima do que era esperado), adianta o subdirector-geral da Saúde, José Robalo, frisando que se trata de uma estimativa. “Embora não se possa falar em relação causa-efeito, está provado que os aumentos acentuados de temperatura têm um impacto sobre a morbilidade e a mortalidade”, explica. As autoridades conseguem actualmente medir o excesso de mortalidade com rigor, graças ao sistema de vigilância diária de óbitos montado em 2004 para medir o impacto das ondas de calor, na sequência da tragédia do Verão de 2003. É a diferença entre o número observado e a média ajustada de óbitos nos períodos em análise que serve para calcular este valor, explica o Público. Para garantir uma preparação atempada dos grupos mais vulneráveis, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) colocou ontem quase todo o país em alerta amarelo, o segundo mais grave numa escala de três, situação que se mantém durante o dia de hoje. Há apenas quatro distritos onde as temperaturas são consideradas normais para a época - Viana do Castelo, Aveiro, Guarda e Faro. O calor intenso que começou a fazer-se sentir no sábado vai prolongar-se pelo menos até quinta-feira, segundo o Instituto de Meteorologia (IM), mas hoje os lisboetas vão assistir a uma descida da temperatura máxima (35 graus Celsius), depois de os termómetros terem atingido ontem os 41 graus. Noutros pontos do país, a temp eratura máxima ainda vai subir, como é o caso de Braga (previsão de 39 graus para hoje), que está, tal como Lisboa, sob aviso laranja do IM (risco moderado a elevado). Um factor de risco suplementar que pesa na definição dos níveis de alerta é o facto de as temperaturas mínimas se manterem elevadas (26 graus em Lisboa), tornando difícil para o organismo recuperar do stress térmico a que foi sujeito durante o dia, explica o chefe da Divisão de Saúde Ambiental da DGS, Paulo Diegues. O responsável aconselha as pessoas a evitarem a exposição directa ao sol e a arrefecerem as suas casas e adianta um conselho simples para quem não tiver ar condicionado: “Basta colocar várias garrafas de água congelada no quarto.” |
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CRIANÇAS EM PERIGO ENTREGUES AOS AVÓS SEM "AFASTAR AFECTIVIDADE DOS PAIS"
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| Mais de três mil menores foram retirados aos pais e entregues a familiares em 2009. O presidente da Comissão de Protecção de Menores lembra que nestes processos os avós podem garantir o crescimento das crianças sem “afastar a afectividade dos pais”, noticia a Lusa/Público. “As medidas de apoio junto dos pais são em número bastante superior às medidas de apoio junto dos avós”, disse Armando Leandro, à margem do congresso “A voz dos Avós: migração e património”, que começou ontem na Fundação Pro Dignitate, em Lisboa. Os últimos números da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJ) indicam que no ano passado 3438 menores foram acolhidos pela família alargada, algumas ficaram com os avós. Olhando para todas as medidas aplicadas pela CNPCJ em 2009, este número representa apenas onze por cento do tota l: a grande maioria (76,7 por cento) manteve-se em casa com os pais, recebendo apoio das Comissões de Menores. Em declarações à Lusa, o juiz conselheiro Armando Leandro sublinhou que, ao permanecerem com os avós, as crianças em situação de risco ficam a ganhar, porque estão num ambiente familiar que lhes garante crescer “sem afastar a afectividade dos pais”. “Os avós são pessoas a quem o sistema atribuiu um papel importante” mas, sublinhou Armando Leandro, a CNPCJ mantém o “desejo” de que os pais “consigam exercer essa responsabilidade da parentalidade”. A presidente da Pro Dignitate, Maria Barroso, lembrou a importância dos avós, que “são portadores de uma experiência muito grande e uma carga de afecto muito importante para as crianças”. Sem esquecer que os “tempos mudaram” e “os contextos de hoje são diferentes”, Maria Barroso acredita que “os avós são sempre um pilar muito importante na casa” e que muitas vezes “substi tuem os pais na educação, formação e ternura que as crianças precisam para se formarem”. |
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CASAS DE APOIO SOCIAL DRAMATIZAM PARA DEFENDER 600 MIL UTENTES
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| Está agendada para amanhã a greve dos trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), da União das Misericórdias e das Cooperativas de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados (CERCI), como forma de protesto contra a não actualização das comparticipações financeiras por parte do Estado. Em causa está o congelamento de salários e o encerramento de algumas instituições e consequente aumento do desemprego, noticia o jornal i. “Se não existir aumento, pode dar-se uma ruptura financeira em algumas instituições, levando a mais desemprego”, afirmou Luís Pescas, da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública. Segundo o sindicalista, já existe dificuldade em cumprir os pagamentos dos ordenados em tempo devido: “E, seja qual for a entidade, quando há atrasos nos vencimentos, sabemos que há problemas financeiros”, acrescentou. A actualização destes apoios públicos é indexada à taxa de inflação do ano anterior. Dado que a inflação de 2009 foi negativa (cerca de -1,8%), existe o risco, não só de congelamento, como de corte nas comparticipações: “Mas as instituições de solidariedade tiveram acréscimo de despesas. Só o facto do ordenado mínimo ter aumentado, já produz esse acréscimo”, explicou ao i o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) - que agrega 2700 IPSS. O presidente da CNIS destaca uma preocupação diferente da de Luís Pescas: “O problema não são as instituições de solidariedade, porque elas são um fim em si mesmo.” A preocupação maior são “aqueles que ficam desprotegidos e que merecem atenção especial”, esclarece. “Há dificuldades em três áreas: crianças, porque os pais não conseguem corresponder; idosos, já que existem muitos pedidos e as resp ostas são limitadas, muitas vezes por exigências da Segurança Social que nem sempre são ditadas por qualidade; e pessoas com deficiência, porque o custo é mais elevado e o pessoal técnico não é pago justamente.” Além de estar em risco o apoio a 600 mil utentes - o total entre IPSS, União das Misericórdias e Mutualidades -, são 150 mil as pessoas que trabalham nestes locais e que se arriscam a não ter um aumento salarial, ou, no limite, a perder o emprego. Luís Pescas é categórico: “O apoio social deverá ser função do Estado e estes trabalhadores auferem baixos salários, que mesmo assim as instituições têm dificuldade em pagar.” Luís Pescas considera que as transferências do último ano já foram parcas, não fazendo face a todas as situações: “Se este ano for abaixo dos 2% [aumento das transferências], vai ser muito difícil.” Receio também partilhado por Lino Maia: “Temo que o quarto trimestre deste ano seja muito complicado”, con clui. O sindicato prevê uma boa adesão à greve: “Às 14h30 concentramo-nos, vamos marcar posição junto ao Ministério do Trabalho e entregar uma moção.” |
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ÉVORA: NÚMERO DE FAMÍLIAS QUE PEDE AJUDA À CÁRITAS ESTÁ A AUMENTAR
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| O deputado do PCP João Oliveira está preocupado com o aumento do número de famílias que recorre à Cáritas Diocesana de Évora, alertando para o “agravamento muito significativo das dificuldades” da população da região. “Do primeiro para o segundo trimestre deste ano, houve um aumento de 40 famílias a serem apoiadas pela Cáritas, em questões tão essenciais como o pagamento da renda da casa, água, luz e até o fornecimento de alguns alimentos”, afirmou João Oliveira, em declarações à Lusa/Público. Depois de reunir com a Cáritas Diocesana de Évora, Hospital Distrital e Santa Casa da Misericórdia, o parlamentar comunista advertiu que as dificuldades das famílias “atingem já aspectos essenciais para a manutenção da vida e dos agregados familiares”. “Há pessoas que recorrem aos apoios da Cáritas mesmo estando empregadas, porq ue o rendimento que têm é tão baixo que se vêem na necessidade de recorrer às ajudas”, disse o deputado do PCP. Segundo João Oliveira, o agravamento das dificuldades entre os idosos está a fazer com que alguns “desistam do apoio domiciliário, por não conseguirem pagar”, e, noutros casos, “acaba por ter reflexos na Santa Casa da Misericórdia, nomeadamente, em encargos cada vez maiores que as reformas dos utentes”. |
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