quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Voluntariado, instrumento de combate contra a Pobreza



Pobreza e Voluntariado, duas realidades que se entrelaçam.
Voluntariado, actividade inerente ao exercício de cidadania que se traduz numa relação solidária para com o próximo, participando, de forma livre e organizada, na solução dos problemas que afectam a sociedade em geral.
Pobreza, realidade dinâmica, decorrente de um processo cujas origens são sociais, económicas e políticas. O percurso para a combater tem várias etapas, confronta-se com múltiplos constrangimentos e necessita, em consequência, de respostas diversificadas.
O Voluntariado fez, desde sempre, da entreajuda e da solidariedade um caminho de inovação que, pouco a pouco, foi capaz de encontrar soluções para muitas situações de carência e ausência de direitos, como a saúde, a educação e o apoio social.
A pobreza é, cada vez mais, consciencializada como uma violação de direitos humanos fundamentais.
É, por isso, urgente tornar audível a voz dos pobres e reforçar-lhes a intervenção nas decisões que afectam as suas condições de vida.
Os voluntários são cidadãos comprometidos com causas, convictos de que a participação de todos é essencial a uma efectiva alteração de comportamentos e mentalidades.
A acção dos voluntários, porque complementar à dos profissionais, pode ocupar-se do ser único que cada um de nós é e, deste modo, contribuir para consolidar o processo de reversão da exclusão, a que a pobreza conduz.
O Voluntariado está nas várias “frentes” do combate contra a pobreza, através de diferentes e múltiplos projectos, pelo que seria exaustivo enumerá-los a todos. Ainda assim, parece-me útil referir algumas áreas, com o intuito de tornar visível a extensão e a diversidade da acção dos voluntários empenhados neste combate, que afinal é de todos.
Um dos aspectos fundamentais deste combate é a erradicação da pobreza infantil, pois é na infância que tudo começa. São, por isso, para além das medidas existentes, necessárias todas as iniciativas que contribuem efectivamente para alterar essa situação, como seja a actuação das muitas associações que desenvolvem trabalho nesta área, através de equipas multidisciplinares, com o apoio de um corpo de voluntários presentes nos diferentes serviços promovidos por essas organizações.
Encontramos voluntários a trabalhar com a população sem-abrigo, com desempregados, ex-reclusos, idosos, entre outros grupos de risco, em todo o território nacional.
Mas, outros há, fora de Portugal, que actuam em prol de um mundo mais justo e equitativo, em áreas como a saúde, a educação e a cooperação para o desenvolvimento.
Na génese do voluntariado está, certamente, uma preocupação com a privação, entendida para além dos meros limites das carências materiais.
Um pobre não tem apenas carência de bens materiais, está razoavelmente “fora de jogo”, sente-se inútil e sem referências, exclui-se socialmente porque se sente rejeitado. Os voluntários há muito que trabalham com o propósito de que todos façam parte da “lista de convocados” da participação cívica mas, igualmente, da doação, distintivo desta actividade.
Por tudo isto, os objectivos do Ano Europeu do Combate Contra a Pobreza e à Exclusão Social continuarão “na ordem do dia” em 2011, Ano Europeu das Actividades de Voluntariado que Promovam uma Cidadania Activa, que pretende, entre outros objectivos, sensibilizar as pessoas para a importância do voluntariado enquanto expressão de participação cívica e actividade que contribui para a realização de objectivos comuns a todos os Estados Membros, como o desenvolvimento harmonioso da sociedade e a coesão social.

Elza Chambel
Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado

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